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sábado, 10 de junho de 2017

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Economia emperra após acusações contra Michel Temer, diz especialista

Bolsa em queda, dólar disparando e instabilidade política farão economia retroceder e ainda podem impedir que o País receba investimentos

Os primeiros sinais de recuperação da economia foram frustrados após as denúncias que atingiram o presidente da República, Michel Temer. Segundo analistas de mercado, a nova indefinição quanto ao rumo político do País vai fazer com que a recessão econômica persista um pouco mais.

Em delação premiada o presidente da JBS, Joesley Batista, afirmou ter gravações em que o presidente, Michel Temer, teria comprado o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, que está preso em Curitiba. O pagamento de propina serviria para tentar impedir que as investigações da Lava Jato fossem contra os interesses políticos do atual governo.
Na opinião do economista e diretor de câmbio da FB Capital, Fernando Bergallo, as acusações minaram as chances da continuidade da recuperação econômica brasileira. “Essa fato foi um balde de água fria no momento em que a economia começava a pegar tração para o caminho da retomada do crescimento”, disse ele em entrevista ao Brasil Econômico.
Bergallo explicou que a nova instabilidade no cenário econômico trará uma nova leva de desconfiança no mercado externo e isso pode afugentar os investimentos previstos no País, uma vez que o mercado já tinha precificado a aprovação das reformas trabalhistas e previdenciária. “No mercado a aprovação das reformas, em especial a da Previdência, era dado como certa. Com as denúncias as chances de aprovação são mínimas e isso faz com que os investimentos tenham novo recuo”, explicou ele.


Mercado financeiro

Bergallo afirmou ainda que o reflexo negativo do novo escândalo repercutiu de forma imediata no mercado financeiro. “A bolsa de valores iniciou a operação em queda de 10% e foi necessário acionar o circuit breaker. Isso aconteceu duas vezes nos últimos 15 anos e mostra que o mercado não reagiu bem aos fatos”.
Em 1999, a Bovespa usou o recurso, que para as negociações por 30 minutos esperando a normalização dos indicadores e impedindo um colapso financeiro, quando foi anunciada a adoção do câmbio livre no País, no governo de Fernando Henrique Cardoso. O segundo evento foi durante a crise de 2008, em que em uma mesma semana no mês de outubro, o mecanismo foi acionado três vezes.
O cenário não podia ser pior com a Bolsa despencando e o dólar disparando. O planejamento de investimentos será paralisado e o que paralisa o mercado é a incerteza, já que não se sabe se Temer vai renunciar após o escândalo ou teremos um novo processo de impeachment”, enfatizou o especialista.
O dólar começou o dia com valorização de 8% e após a abertura do mercado às 10h, está cotado a R$ 3,43. Bergallo explicou que a cotação na casa dos R$ 3,50 foi vista no País em junho de 2015, durante o auge da crise econômica. Em sua análise, a moeda norte-americana deve apresentar alta de 3% durante esse momento turbulento. Vale ressaltar que o dólar já esteve cotado em R$ 4,20 entre dezembro de 2015 e janeiro de 2016 e a tendência é que o cenário se repita, já que o Banco Central precisou intervir e fazer um leilão de swap cambial para conter a alta da moeda estrangeira.
Fernando Bergallo, quando questionado sobre um possível prejuízo das empresas estatais listadas na Bolsa de Valores virem a ter, já que todas estão sendo negociadas em queda – a da Petrobras, por exemplo, está sendo negociada em queda de 18% – afirmou que pode acontecer uma recuperação muito em breve, já que investidores “com estômago” podem aproveitar essa desvalorização para comprar os ativos e lucrarem no futuro. “Os investidores com bastante apetite e visão de longo prazo podem aproveitar o momento para comprar as ações esperando os resultados no futuro”, explicou a enfatizar que o País não vai falir, mesmo com todos os todos os percalços enfrentados nos últimos três anos.
Sobre um rebaixamento das perspectivas pelas agências de risco neste momento, Bergallo explicou que elas não são rápidas o suficiente para tirar a perspectiva do Brasil neste momento. “Elas não são tão dinâmicas para uma mudança agora”, concluiu o especialista.


Defesa

O Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) manifestaram-se sobre a movimentação do mercado e afirmaram estar acompanhando de perto toda a movimentação. Em nota a CVM informou que está atenta a todo o cenário para impedir que empresas de capital abertas sejam prejudicadas pelo cenário político. “A CVM comunica que os fatos e desdobramentos envolvendo companhias abertas ou outros participantes do mercado de valores mobiliários referentes à Operação Lava Jato vêm sendo devidamente analisados pela Autarquia, à luz do seu mandato legal nos termos da Lei nº 6.385/76 e dos acordos de cooperação que mantém com o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, sendo que novas ocorrências serão devidamente apuradas e incorporadas nas análises”.


Mais uma bomba

O novo escândalo envolvendo a presidência fez com que o mercado financeiro entrasse em colapso nesta quinta-feira (18). A Bovespa começou o pregão em queda de 10% e para impedir prejuízo acionou o circuit breaker, que interrompe o pregão por meia hora para normalização dos indicadores.
No mercado internacional a repercussão foi tão negativa quanto, os ativos brasileiros foram negociados em queda e as ações das empresas brasileiras de capital aberto: Petrobras, Vale, Embraer e outras despencaram com a notícia de pagamento de propina por parte do atual presidente Michel Temer para interromper as investigações da Lava Jato.
Projeções recentes da equipe econômica de Michel Temer sinalizavam que a recessão estava finalizada. De acordo com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a previsão do governo é que no último trimestre deste ano haja crescimento de 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) na comparação com o mesmo período de 2016. O ministro destacou que a projeção de crescimento para a economia ao final do ano é menor, de 0,5%, indicador esse revisto pelo governo recentemente, quando a estimativa era de PIB em alta de 1%. A inflação está com viés de baixa assim como o taxa básica de juros – Selic, que vem de sucessivas quedas desde o ano passado e está estimada em 11,25% ao ano.


segunda-feira, 15 de maio de 2017

'Prévia do PIB' cresce 1,12% e sinaliza retomada da economia no 1º trimestre

O desempenho do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) do primeiro trimestre reforça a expectativa do mercado de que o Produto Interno Bruto (PIB) deve voltar a apresentar um número positivo no primeiro trimestre, após uma sequência ininterrupta de oito trimestres de retração na comparação com o período imediatamente anterior. Essa é a avaliação de economistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast logo após a divulgação do indicador do BC nesta segunda-feira, 15.



Contudo, dizem os especialistas, o avanço esperado no PIB condiz mais com um cenário de estabilização da economia do que com uma recuperação consistente da atividade. Isso principalmente porque o resultado do primeiro trimestre é bastante influenciado por fatores pontuais e pode ser parcialmente revertido entre abril e junho. O fator principal é a influência da agropecuária, que deve mostrar forte crescimento no PIB do período, mas deve diminuir a intensidade ao longo do ano.

A forte de revisão dos dados do comércio e nos serviços em janeiro, em função das mudanças metodológicas nas pesquisas, também colabora para um PIB mais robusto na primeira parte do ano. Para o resultado do PIB de 2017, os economistas avaliam que o cenário não mudou, com expectativa de crescimento modesto, em linha com a estimativa de recuperação lenta e gradual da economia.
O IBC-Br avançou 1,12% no primeiro trimestre ante o quarto, em linha com a mediana da pesquisa do Projeções Broadcast, de 1,10%, a partir do intervalo de 0,60% a 1,30%. Em março, contudo, o indicador recuou 0,44%, taxa melhor que a mediana prevista, de queda de 0,90% (intervalo de -2,50% a zero).

"Esses números reforçam a expectativa de recuperação lenta e gradual da economia, que também está espalhada nos números setoriais, com oscilações entre alta e baixa. O PIB do segundo trimestre deve ter alguma devolução da alta do primeiro trimestre, mas o importante é que a tendência é de estabilização", resume o economista-chefe do Rabobank Brasil, Mauricio Oreng. O economista estima crescimento de 1,3% de janeiro a março e variação zero neste ano.

O economista do Santander Rodolfo Margato, que prevê 1,1% para o PIB do período, calcula que metade dessa expectativa se deve à agropecuária, com contribuição de 0,6 ponto porcentual graças ao crescimento de 11,5% do setor. "O PIB do 1º trimestre deve ser uma notícia positiva, mas pontual, não podemos esperar um crescimento neste ritmo médio nos trimestres seguintes", diz.

O economista da Tendências Bruno Levy reforça que teria ocorrido um "estrago" na leitura da atividade medida pelo Banco Central se o IBC-Br de março e do primeiro trimestre dependessem apenas dos dados de comércio, serviços e indústria.

Margato também argumenta que a revisão forte no volume de serviços prestados em janeiro (de queda de 2,2% para estabilidade) depois da mudança metodológica na pesquisa deve contribuir com 0,3 ponto porcentual para o PIB do primeiro trimestre. "É relevante, porque antes esperava-se que o setor ia seguir em queda no período."

Diante disso, a dúvida que fica é sobre o desempenho da economia no segundo trimestre, diz o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, em razão das oscilações dos dados mensais. "Além disso, deve ter o carrego estatístico ruim de março, quando os indicadores de atividade tiveram queda. Depois, no terceiro trimestre, pode ganhar mais força", acrescenta o economista da GO Associados Luiz Castelli ao referir-se ao resultado do PIB de abril a junho. No ano, a estimativa é de crescimento de 0,6%.

Já o economista Mauricio Nakahodo, do MUFG (Mitsubishi UFJ Financial Group), dono do Banco de Tokyo-Mitsubishi UFJ Brasil, espera que o avanço econômico previsto na primeira parte do ano se repita nos próximos trimestres, mas com maior participação da indústria, comércio e serviços. No primeiro trimestre, a sua expectativa de aumento de 0,4% do PIB deriva do desempenho da agropecuária e da mineração.

Copom. Diante da proximidade do encontro deste mês do Comitê de Política Monetária (Copom), os analistas consultados concordaram que os dados de atividade, além de inflação controlada, ainda deixam espaço para o BC acelerar o ritmo de corte da Selic. "Tem espaço para um corte mais agressivo. Depois, pode voltar a reduzir o ritmo para 1 ponto", avalia Castelli, da GO, que estima redução da Selic para 10%, do atual patamar de 11,25%.
Contudo, alguns analistas acreditam que, para tal movimento, o BC precisa ver um cenário mais claro de aprovação da reforma da Previdência. Segundo Margato, do Santander, para a autoridade monetária optar por corte maior que de 1,0 ponto porcentual é preciso não somente que a proposta seja aprovada em 1º turno no plenário da Câmara, mas também que o placar seja favorável. "Ainda assim, é mais provável que o impacto seja para a estimativa da Selic no final do ano e não diretamente para maio", diz Margato, que espera 8,5% para a taxa no fim de 2017.

Fonte: O Estadão

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Previsão de caos na economia brasileira ainda pode ser otimista


O Brasil vai sofrer sua mais profunda recessão em dois anos consecutivos em mais de um século e a taxa de inflação, embora caia em relação a 2015, ainda assim vai superar pelo segundo ano seguido a meta do governo, de acordo com as previsões dos analistas.

Se a história recente é algum guia, essas projeções, na verdade, podem ser otimistas demais. Desde a posse da presidente Dilma Rousseff, analistas sempre previram no começo do ano inflação menor e PIB maior do que os resultados finais.

No início de 2015, analistas consultados pelo Banco Central disseram que a maior economia da América Latina cresceria 0,5 por cento. Eles dizem agora que, na verdade, ela encolheu 3,7 por cento.

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Suas estimativas de custo de vida também provaram ser equivocadas. Ante previsão de que a taxa de inflação subiria ligeiramente para 6,56 por cento, eles viram o resultado atingir 10,67 por cento, segundo dados publicados pelo IBGE.

As estimativas ressaltam como medir a economia do Brasil ficou difícil para os analistas em meio ao aumento do impasse político, a um escândalo de corrupção sem precedentes e à queda nos preços das commodities.

Elas também refletem quanto otimismo existia no início de 2015, quando Joaquim Levy assumiu o cargo de ministro da Fazenda prometendo recuperar as finanças do país.

Ele deixou o cargo no mês passado depois de uma crescente oposição do Congresso e do gabinete da presidente Dilma Rousseff às suas medidas de austeridade.

Economistas tendem a ser mais otimistas quando o ano começa em parte para dar um voto de confiança de que o governo vai conseguir resolver os problemas existentes”, disse Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra. “Em 2015 todos achavam que, com Joaquim Levy, o governo iria mudar a estratégia que estava dando errado, mas isso não aconteceu”.

Na segunda-feira, a pesquisa do Banco Central mostrou que os analistas preveem que a economia do Brasil sofrerá sua mais profunda recessão de dois anos desde, pelo menos, 1901, com o PIB encolhendo 2,95 por cento em 2016, após uma queda estimada de 3,71 por cento no ano passado.

Banco Central

A perspectiva sombria acontece quando Dilma enfrenta um processo de impeachment e cresce o ceticismo dos investidores de que o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, poderá dar uma reviravolta na economia. Dilma nega qualquer irregularidade.

O Ministério da Fazenda não respondeu a um pedido de comentário.

No ano passado nós pensamos que as coisas seriam diferentes e no decorrer do ano vimos que estávamos errados”, disse Flávio Serrano, economista no banco de investimento Haitong, de São Paulo. “Com a sequência os fatos ocorridos no ano passado, nós e a maioria dos analistas ainda estamos muito pessimistas em relação à dinâmica de médio prazo”.

A previsão dos analistas de que a inflação vai diminuir para 6,87 por cento neste ano está em nítido contraste com a estimativa de operadores de títulos públicos, cujas expectativas têm acompanhado mais de perto o índice de preços ao consumidor do Brasil.

O custo de vida vai saltar 9,29 por cento neste ano, com base em um índice do mercado de bonds conhecido como taxa de equilíbrio. A meta de inflação do Brasil para 2016 é de 4,5 por cento, com margem de dois pontos porcentuais para mais ou para menos.

Não só os analistas estavam errados, disse Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs. As próprias previsões do Banco Central também ficaram abaixo do ocorrido. Os responsáveis pela política econômica, em dezembro 2014, previram que a inflação iria cair para 6,1 por cento em 2015.

O Banco Central não quis comentar em uma resposta por e- mail.

Um ano atrás, o Banco Central estava dizendo que todos no mercado estavam errados – a inflação ia cair muito mais rápido do que analistas pensavam”, disse Ramos. “Na verdade, isso não aconteceu. O Banco Central não estava certo em sua análise”.

Fonte: Exame.com

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Banco Central sinaliza que juros não devem subir, dizem fontes



O diretor de Política Econômica do Banco Central, Luiz Awazu Pereira da Silva, sinalizou, em reunião com economistas que o BC não pretende elevar mais os juros no atual ciclo, mas se manterá vigilante caso o objetivo de levar a inflação para a meta no fim de 2016 seja colocado em risco, disseram duas fontes que participaram do encontro.

No encontro, realizado no Rio de Janeiro, Awazu manteve o tom da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e reforçou o compromisso com a inflação em 4,5 por cento ao final de 2016.

"Ele destacou que os riscos associados à inflação são condizentes com a defasagem da política monetária, assim como trouxe a ata", disse um dos economistas que participou do encontro e que pediu para não ser identificado.

Na semana passada, o Copom divulgou a ata da última reunião, na qual informou que a convergência da inflação para o centro da meta em 2016 tem se fortalecido e os riscos desse cenário são "condizentes com efeitos acumulados e defasados da política monetária", mas que ainda é preciso manter-se "vigilante em caso de desvios significativos".

Segundo o economista, Awazu reforçou diversas vezes a "necessidade de manutenção" dos juros como meio de atingir o objetivo do BC.

"Isso indica que o BC não pretende voltar a subir os juros. Não é essa a intenção deles", disse a fonte.

No entanto, o diretor do BC também voltou a repetir a necessidade de permanecer vigilante, sinalizando que, caso necessário, a autoridade monetária pode voltar a elevar a taxa de juros.


"O cenário ainda é de manutenção da taxa de juros, mas caso apareça algum acontecimento que tire a inflação da meta do BC, eles estão deixando a porta um pouco aberta para acionar os juros", disse um segundo economista que também participou do encontro.

domingo, 19 de julho de 2015

Entenda um pouquinho da crise Grega



A crise financeira da Grécia, país de apenas 11 milhões de habitantes, pode ter profundas implicações para a economia mundial e a União Europeia. Há temores de que um agravamento da crise leve a um eventual calote da dívida grega e que países como Portugal, Itália, Espanha e Irlanda acabem seguindo pelo mesmo caminho. Investidores observam com preocupação os cenários previstos por especialistas, como o de vários países sendo forçados a cortar drasticamente os seus gastos públicos e elevando taxas de juros para poder pagar suas dívidas, ou o de países deixando a chamada zona do euro e provocando uma dissolução da União Europeia.

Outro temor é em relação aos prejuízos dos bancos que emprestaram dinheiro a esses países, perdas que podem levar a uma nova crise de crédito. O déficit no orçamento grego, ou seja, a diferença entre o que o país gasta e o que arrecada, foi, em 2009, de 13,6% do PIB, um dos índices mais altos da Europa e quatro vezes acima do tamanho permitido pelas regras da chamada zona do euro. Sua dívida está em torno de 300 bilhões de euros (o equivalente a US$ 400 bilhões ou R$ 700 bilhões) e parte desse montante – cerca de US$ 12,5 bi - venceu no dia 19 de maio.

Para honras seus compromissos, a Grécia deve receber, ao longo de três anos, um pacote de cerca de 110 bilhões de euros (aproximadamente US$ 140 bilhões), que inclui a participação de países da zona do euro e do FMI. Entretanto, para conseguir esse empréstimo, o governo grego precisará cortar gastos e aumentar impostos – medidas previstas em um pacote de austeridade aprovado pelo parlamento do país.

A BBC preparou uma sessão de perguntas e respostas para ajudar a entender o que está em jogo nessa crise.

Por que a Grécia está nessa situação?

A Grécia gastou bem mais do que podia na última década, pedindo empréstimos pesados e deixando sua economia refém da crescente dívida. Nesse período, os gastos públicos foram às alturas, e os salários do funcionalismo praticamente dobraram. Enquanto os cofres públicos eram esvaziados pelos gastos, a receita era atingida pela evasão de impostos.

A Grécia estava completamente despreparada quando chegou a crise global de crédito e em 2009, registrou déficit orçamental de 13,6% do PIB e enfrenta atualmente uma dívida de 300 bilhões de euros. O montante da dívida deixou investidores relutantes em emprestar mais dinheiro ao país. Hoje, eles exigem juros bem mais altos para novos empréstimos. Essa situação é particularmente preocupante, porque a Grécia depende de novos empréstimos para refinanciar mais de 50 bilhões de euros em dívidas neste ano.

Por que a situação causa tanta preocupação fora da Grécia?

Todo mundo na zona do euro – e qualquer um que negocie com a zona do euro – é afetado por causa do impacto da crise grega sobre a moeda comum europeia. Teme-se que os problemas da Grécia nos mercados financeiros internacionais provoquem um efeito dominó, derrubando outros membros da zona do euro cujas economias estão enfraquecidas, como Portugal, Irlanda, Itália e Espanha(PIIGS). Todos eles enfrentam desafios para requilibrar suas contas.

As preocupações foram exacerbadas pelas agências de classificação de risco, que rebaixaram os graus de investimento de Portugal e Espanha, além da Grécia, gerando temores sobre a capacidade desses países de pagar suas dívidas.

O que a Grécia está fazendo para reverter a crise?

A Grécia apresentou planos para cortar seu déficit para 8,7% em 2010, e para menos de 3% até 2012. Para alcançar isso, o Parlamento grego aprovou em maio desse ano um pacote de medidas de austeridade para economizar 4,8 bilhões de euros. O governo quer congelar os salários do setor público e aumentar os impostos, e ainda anunciou o aumento do preço da gasolina.

O governo ainda pretende aumentar a idade para a aposentadoria em uma tentativa de economizar dinheiro no sistema de pensões, já sobrecarregado.

Como essas medidas foram recebidas na Grécia?

De maneira nem um pouco positiva. Houve uma série de protestos no país, alguns violentos. Em um deles, três pessoas morreram após um incêndio em um banco no centro de Atenas. Várias greves atingiram escolas e hospitais e praticamente paralisaram o transporte público. Muitos servidores públicos acreditam que a crise foi criada por forças externas, como especuladores internacionais e banqueiros da Europa central.

Os dois maiores sindicatos do país classificaram as medidas de austeridade como “antipopulares” e “bárbaras”.

O que acontece agora?

A União Europeia afirmou que a primeira parcela do pacote de empréstimo será paga antes do dia 19 de maio (que não foi paga) – data que vence parte da dívida grega. No total, cerca de 30 bilhões de euros (R$ 70 bi).

Em teoria, os fundos do pacote de ajuda da UE e do FMI e o pagamento de parte da dívida deveria proporcionar uma queda nos custos de empréstimo do governo e o euro deveria voltar a se fortalecer, depois de ter sofrido queda nas últimas semanas por causa do medo de a Grécia não conseguir pagar suas dívidas.

A Grécia poderia simplesmente abandonar o euro?

Operadores de câmbio já demonstraram medo de que alguns países com grandes déficits no orçamento – como a Grécia, Espanha e Portugal – possam se sentir tentados a abandonar o euro. Ao deixar a moeda comum, o país poderia permitir a desvalorização de sua moeda e, assim, melhorar sua competitividade.

Mas isso também causaria grandes rupturas nos mercados financeiros, provocando o medo entre os investidores de que outros países adotassem a mesma estratégia, potencialmente levando ao fim da união monetária. Mas a União Europeia já demonstrou que quer manter a zona do euro unida e descartou a ideia de que países iriam abandonar a moeda.

Como a situação da Grécia se compara a de outros países?

A Grécia não é o único país da zona do euro a violar a regra que afirma que o déficit orçamentário não deve ultrapassar 3% do PIB do país. Na Grã-Bretanha, que não está na zona do euro, esse déficit chega a 13% do PIB. Na Espanha ele chega a 11,2%, na Irlanda a 14,3% e na Itália a 5,3%.

domingo, 22 de março de 2015

Pouso forçado da China é "cisne negro" da economia global


Um "pouso forçado" da China é o maior "cisne negro" da economia mundial, de acordo com o banco. Société Générale O risco de calote da Grécia é até mais alto (35%), mas menos significativo.
A chance de que o crescimento chinês desacelere bruscamente passou de 20% em novembro para 30% agora, e se tornou o maior risco econômico global "possível, mas ainda improvável".

No mês passado, o banco disse em nota que o dia de acerto de contas estava chegando  para a China e que o país teria que aprender a desatar os nós que ligam governos locais, empresas estatais e montanhas de crédito e dívida.

O rebalanceamento do investimento em direção ao consumo está caminhando e "reforma, não estímulo" é o que o país precisa para manter o ímpeto. Isso não significa que o crescimento vá se manter nos mesmos níveis, algo que o próprio governo já reconhece.

Há cerca de um ano, o SG explicou qual seria o impacto de um pouso forçado chinês sobre o Brasil e o mundo. Muita coisa já mudou deste então, a começar pela queda do petróleo, mas a moral da história é a mesma: o Brasil seria devastado pela queda das commodities caso sua maior parceira comercial entre em uma espiral negativa. 

Possibilidades

A tabela de cisnes negros é divulgada periodicamente pelo Société Générale. Em setembro de 2013, os emergentes ficaram no topo; no final do ano passado, foi a crise europeia. 

A última edição traz, em ordem de probabilidade: um calote da Grécia (35%), um pouso forçado da China (30%), uma eleição no Reino Unido que leve a um plebiscito sobre a saída do país da União Europeia (25%), uma forte revisão dos premiums de diferentes prazos no G4 (20%), multiplicadores menores que o esperado (15%), a concretização de uma saída do Reino Unido da UE (10%), a saída da Grécia da zona do euro (10%), uma crise sistêmica nos emergentes (10%) e o "vazamento" da crise na Ucrânia (5%).

Os "cisnes brancos" são dois: multiplicadores maiores que o esperado (15%) e um ciclo virtuoso na Europa que combine reformas e políticas fiscais amigáveis ao crescimento (10%).

Perspectivas

O título do relatório é "Recuperação - mas não como a conhecemos!". A queda dos preços de petróleo e uma nova onda de estímulos - em especial do Banco Central Europeu (BCE) - estão impulsionando o crescimento global, e outras economias já vem colhendo os frutos da desvalorização de suas moedas.

A questão é que tudo isso ocorre em um mundo pós-crise que está bem diferente, a começar pela tendência ao juro zero na maior parte do mundo industrializado.
Em relação ao Brasil, o relatório enfatiza a deterioração fiscal do ano passado e as tentativas de reverter o jogo a partir deste ano. No entanto, o banco não acredita que a meta de superávit primário de 1,2% será atingida em meio a uma forte desaceleração econômica. 

"Em algum momento, o governo terá que rever suas estimativas, e isso afetará a credibilidade de sua comunicação e o sentimento dos investidores", diz o banco.


O banco reviu suas previsões para o crescimento do PIB: de 0,6% para -0,3% em 2015 e de 1,5% para 1,2% em 2016.